domingo, 30 de outubro de 2016

— Em uma de suas viagens, ele acabou por conseguir passagem em um navio depois de se provar um bom animador quando estava em uma taverna fantasiado de urso devido a circunstâncias... Mas então, ele nunca pôde se encontrar com o capitão porque ele tinha que cuidar da papelada, ser apenas o dono de um grande navio e uma boa tripulação não era o suficiente, ele ainda tinha algumas pequenas companhias de viagem e transporte maritimo. Seguindo, Haink estava no navio faziam três ou quatro dias, e os marujos controlavam o navio tão bem que mal parecia que ele estava em alto-mar, a viagem tinha sido tão macia até agora que ele se sentia pisando na areia fofa das praias Nithwin, uma metrópole portuária de outro continente construída toda em uma areia branca macia como algodão. No fim do quarto dia, no crepúsculo sangrento de uma mudança de verão para outono, o vigia gritou do alto que um navio quase tão grande quanto estava indo em sua direção. Todos se prepararam de uma maneira tão uniforme que parecia que haviam treinado para aquele momento durante séculos, sua criança interior riu quando viu um marujo tirar uma cimitarra sabe-se lá de onde, e poucos minutos no futuro, o navio inimigo colidiu na diagonal do qual Haink estava, durante o encontro quase frontal, foram arrancados e quebrados vários pedaços de ambos, mas quase não se pôde ouvir o som dos destroços caindo na água por causa da amalgama de sons que vinham de gritos e o som de metal se batendo. Se não fosse pela sombra que passou voando agarrada em uma corda no mastro principal por cima dele, ele teria se mantido em extase por estar presenciando uma luta tão coordenada, parecendo uma dança entre casais que se odiavam, acordou e rápidamente puxou sua rapieira na mão esquerda, com a direita lhe sobravam movimentos o suficiente para puxar seu alaúde e tocar as notas necessárias. Avançou em direção ao navio adversário e por questão de segundos, ele não caiu para fora devido a distância que ambos haviam tomado, e caiu já com sua rapieira no topo de um deles, quando outro veio lhe atacar, por centímetros ele não lhe acerta, e instantâneamente a arma do pirata começou a ficar vermelha e soltar um vapor a cada gota da chuva que ameaçava cair que tocava nela, largando a arma quente, o inimigo agora indefeso tinha seu peito perfurado pelas costas e ao se virar para frente, Haink viu que muitos haviam ficado no seu navio para protegê-lo. Era ele e mais... um... dois... três... sete contando com ele, enquanto cinco pareciam conseguir dar conta de até dois por vez, era notável que eles não era super-heróis e estavam em clara desvantagem, porém, a sexta pessoa deslizava e abria e caminho entre a horda de oponentes que surgiam, havia visto tão poucas pessoas com habilidade de empunhar dois floretes, e menos ainda aqueles com maestria o suficiente para um combate real. Os passos batiam nas poças de água agora feitas pela chuva e tornavam o som daquela batalha ainda mais mesmerizante. Ele se recompôs e soltou um berro para seus colegas se juntarem perto do mastro principal e se prepararem, enquanto esperava ele largou sua rapieira, e com duas açõs rápidas, ele puxou seu arco e atirou contra um dos piratas, e em alguns instantes estavam cinco parceiros e quase quinze alvos unidos no centro do navio. "PULEM PARA TRÁS" e seguido disso, uma explosão sonora fez pareces que um relâmpago havia acertado o navio e uma esfera de energia foi gerada na base do mastro, pegando pelo menos nove alvos e apenas um de seu companheiros, além de destroçar o mastro e fazê-lo começar a cair em perpendicular a esquerda do navio, e apesar de acertar um de seus aliados, pelo aviso prévio ele conseguiu suportar o dano, mas os outros nove não. O nosso navio estava terminando sua meia volta e estava pronto para nos pegar novamente, mas ainda faltavam alguns inimigos. A sombra ordenou que todos voltassem e em mais uma meia volta, ela estaria a bordo do navio novamente, todos por exceção do Haink obedeceram a ordem, ele não iria deixar um tripulante para trás, mesmo que ele tivesse certeza de que iria vencer, e correu em direção ao ser, se pondo de costas para ele, dizendo que iria protegê-lo. E com o som de batidas na madeira molhada, trovejadas, e berros de dor, seu colega voava por entre os inimigos como um furacão, enquanto Haink era obrigado a misturar golpes de rapieira, finalizações dos alvos que sobreviviam a seu colega com seu arco e melodias musicais, criando uma chuva de adagas que parecia cair junto da chuva normal, sons dissonantes que obrigavam os alvos e fugirem, e piadas juntas de xingamentos como todo bom bardo. E agora com o deck quase pintado de vermelho, Haink viu seu companheiro sendo jogado no chão a suas costas, fazendo com que seu chapéu de capítão fosse arremessado para longe, revelando longos cabelos negros e uma feição feminina cheia de deteminação, e claro, conhecendo ele, foi amor a primeira vista. Quando ia abrir sua boca para falar algo, ele obteve a resposta "É, eu sou uma capitã, mas agora foque nesse babaca aqui na minha fente.", se virou e viu um homem estupidamente grande, empunhando um broquel e um tridente, quase escondido atrás de uma barba suja e espessa, desceu as escadas da popa rindo e provocando a capitã. Haink ajudou ela a se levantar e após todo discurso de vilão, o capitão inimigo avançou com seu tridente e por pouco não a acertou, mas abriu um belo corte no peito de Haink, mas nada que ele não tivesse sentido antes. E com um frequente estalido de aço se batendo, Haink alternava entre inspirar sua capitã e provocar o capitão, por exceção de uma canção, todas elas haviam perdido o efeito. E aqueles foram os trinta segundos mais longos da vida de Haink até o momento atual. Cortes de ambos os lados mandavam espirros de sangue para o convés manchado dos inimigos anteriores e sujavam as roupas e armas dos falecidos, e apesar do capitão ser grande, sua armadura parecia ser tão pesada quanto ele, pouquíssimos golpes da capitã o acertavam, enquanto a vantagem da capitã era sua velocidade, se poucos acertavam o capitão, menos ainda a acertavam. Sua técnica era impressionante, apesar de quase não perfurar a armadura, ela parecia saber exatamente quais pontos acertar, enquanto o capitão abusava de sua força bruta, arrancando largas lascas de madeira quando ia socar com seu broquel e errava e abrindo grandes buracos no chão com seu tridente, e nesse vai e vem de desviar, a capitã acabou por um descuido escorregar em uma das poças de chuva e prender sua perna até o joelho em um dos buracos, parecia que o capitão tinha planejado isso, mas ele havia se esquecido do bardo que ali estava, e enquanto descia sua lança em direção ao tórax da capitã, ele se viu travado, com todo o seu corpo se negando a responder os movimentos que ele queria. Virou o rosto e viu Haink tocando uma melodia estonteante, e notou que parecia que suas notas flutuavam da caixa do alaúde até seu corpo, criando uma espécie de corda grossa invisivel presa ao chão. Com um sorriso no rosto, Haink fez uma reverência de como tivesse terminado uma apresentação e de seus lábios saíram um "Capitã, pode fazer as honras?" e uma resposta sádica veio, dirigida ao brutamontes, o finalizando com golpes tão velozes quanto os raios que caiam do céu, bem a tempo do navio terminar sua volta, os dois estavam voltando cansados, Haink parou e com uma meia volta, ele correu para buscar o chapéu da capitã e a rapieira que ele havia deixado no chão, entregando o chapéu, ele o virou na lateral, escondendo o rosto dos dois dos marujos que os esperavam e agora, aqueles três segundos que durou o beijo, pareciam ter passado tão rápido quanto a onda que dispersava ao bater na proa do navio.
E aquele foi provavelmente um dos romances mais duradouros de Haink, uma semana e meia. Que foi o tempo que ele ficou no navio antes de desembarcar. Bem... ele foi expulso na verdade, mas não falemos disso.


~ x ~


— Estava no seu quarto, terminando de ajustar seu alaúde antes de dormir. A cidade não era uma metrópole como Nithwin, mas estava quase lá. Ouviu passos pesados juntos do som de armaduras correndo, ao olhar pela janela ele viu três guardas correndo em direção a um beco vazio, estranhou eles indo para um lugar vazio com tanta pressa, prendeu seu alaúde nas costas, pegou sua mochila e pulou pela janela. Sim, ele deixou o seu arco e sua rapieira no quarto. 
 Correndo atrás dos guardas, não foi muito difícil alcançá-los, afinal, placas da aço não são leves. Chegando perto, ele viu que eles pareciam irritados, bravos, nervosos... decidiu não interferir e seguí-los em silêncio. Foram-se longos minutos, talvez até uma hora desde que saiu do quarto, quando ele viu os guardas parando. Ele se aproximou e viu uma mulher de cabelos com um tom de vermelho vivo, quase como da cor de uma cereja com uma cicatriz na lateral direita do rosto e olhos que pareciam ser um meio termo entre azul e roxo. Ele pensou que deveria tirá-la dali o mais rápido possível, e notando que o capitão da guarda não estava no local, se aproveitou e em um silencioso acorde ele se transformou naquele homem alto, musculoso de meia idade e com um ar de liderança. 

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